quinta-feira, 8 de setembro de 2016

"I don't know her": a saga de Mariah Carey vs. Jennifer Lopez – THE ULTIMATE FILES

Para quem acompanha as notícias e bastidores do mundo pop, não é nenhuma novidade a hostilidade que existe entre Mariah Carey e Jennifer Lopez – que já rendeu muitas piadas por parte dos fãs e das próprias cantoras.



O pontapé inicial da rixa começou em 2003, durante a divulgação do álbum Charmbracelet, de Mariah. Em uma entrevista, Mariah é perguntada o que acha de Beyoncé, que diz gostar muito da artista e de seu trabalho. Em seguida, é feita a mesma pergunta sobre Jennifer Lopez, e Mariah categoricamente responde "Eu não conheço ela".



É óbvio que Mariah conhecia J.Lo. Ela estava em uma das melhores fases de sua carreira, enquanto Mariah tentava voltar aos holofotes após o fracasso do projeto Glitter, de 2001. Anos depois, Jennifer disse em entrevistas que já cruzou com Mariah, e Mariah, por sua vez, alimentou a brincadeira inúmeras vezes soltando um "I still don't know her" ("Ainda não conheço ela"). Mariah afirmou que, sim, sabe quem é Jennifer Lopez, mas que não possui nenhuma intimidade ou amizade com a cantora.

Mariah brincando com seus fãs durante sua atual turnê, Sweet Sweet Fantasy Tour.


Mas afinal, o que teria acontecido no passado para Mariah ignorar Lopez desse jeito? Esse "pequeno" dossiê tenta juntar as (MUITAS!) informações em ordem cronológica de todas as tretas cercando as duas. Vamos lá?

Senta que lá vem a história!





1998: DO YOU KNOW WHERE WE’RE GOING TO?

Rumores apontam o início da rixa para 1998, quando Carey regravou Do You Know Where We’re Going To, original de Diana Ross, para seu disco #1’s. Suas ideias incluíam um tratamento tradicional de single para o cover (ou seja: lançamento nas rádios, clipe, performances na TV), mas se surpreendeu em ver todos os seus planos vetados pela Sony Music. Jennifer Lopez era recém-contratada do mesmo selo e também tinha gravado a música. Sua versão estava presente em edições internacionais do debut On The 6 e haviam intenções de trabalhá-la como single.

Para a Sony, ter duas artistas lançando o mesmo cover num curto espaço de tempo não era interessante. No fim das contas, as duas versões foram deixadas de lado e relegadas ao título de meras faixas bônus, algo casual para Lopez, que ainda era nova na indústria da música, mas Mariah já era um nome estabilizado e esperava ter prioridade nessa situação.


1999: RAINBOW VS. ON THE 6




O embate começou a se tornar mais público no ano seguinte, quando Carey lançava Rainbow e Lopez estrearia com seu debut On The 6. Era evidente que Mariah tinha perdido parte do apoio da Sony Music em seu oitavo álbum. Todas as campanhas anteriores eram baseadas em gigantescos programas de promoção. Mesmo com um mega sucesso em mãos – o single Heartbreaker, Rainbow precisou provar seu valor sem muito suporte da gravadora. No disco anterior, Mariah tinha se separado de Tommy Mottola, seu empresário e cabeça da Sony Music americana. Em uma atitude que mais tarde foi definida pela própria como “um erro”, a cantora permaneceu no mesmo selo porque acreditava que seu relacionamento com Mottola poderia continuar profissionalmente.

Insatisfeito, Mottola cortou parte do programa previsto para a divulgação de Rainbow e o transferiu para On The 6, que foi extremamente promovido. Em diversas oportunidades, Mariah declarou seu descontentamento com a Sony naquela época. Sendo assim, a mídia começou a jogá-la contra Lopez, já que ela detinha o título de cantora mais promovida da gravadora na época. Os problemas também podem ser descritos através dos produtores e compositores que frequentemente trabalharam com Mariah em outros projetos. Talvez por influência de Mottolla, boa parte deles recusaram trabalhar em Rainbow e aceitaram o convite para On The 6, entre eles P. Diddy, The Trackmasters, Cory Rooney (que acabou se tornando o diretor criativo de Jennifer por anos) e Walter Afanasieff. A recusa de Afanasieff foi surpreendente para Carey porque os dois eram amigos e tinham boa química nas sessões de composição: os grandes sucessos Hero e One Sweet Day têm os dois nos créditos.

Embora Rainbow tenha conseguido dois #1's (Heartbreaker e Thank God I Found You), On The 6 gerou mais hits internacionais, entre eles If You Had My Love, Waiting For Tonight e Feelin’ So Good. A rivalidade se fortaleceria no fim dos anos 2000.


2000/2001: LOVERBOY VS. I’M REAL




Mesmo desapontada com a campanha de Rainbow, Mariah começou a gravar músicas para seu sucessor, a trilha sonora do filme Glitter, onde é a protagonista da história. O objetivo era focar bastante em recriar a era disco dos anos 80 para acompanhar o clima do filme, que se passa em 1982. Para cumprir essa missão, foram produzidos covers e faixas inéditas que tomavam samples e porções de diversos sucessos antigos. “Glitter não só é um álbum que vai ajudar o público a se conectar com o filme, mas trata-se de um set que incorpora baladas novas que cairiam perfeitamente num tradicional disco meu”, disse Mariah na época.

Uma das músicas em que estava trabalhando, Loverboy, contém um sample de Firecracker, hit dos anos 70 assinado pelo grupo de japoneses Yellow Magic Orchestra. Confiante no conceito e no potencial da faixa, a produção tinha decidido que Loverboy seria a carro-chefe de Glitter. Para assegurar a utilização do sample como single, Mariah pediu a comercialização dos direitos da música e obteve aprovação.

Como ela ainda estava na Sony, Tommy Mottola ainda era seu chefe e tinha livre acesso ao material gravado. Ele sabia do interesse de Carey pelo sample e num ataque indireto que rendeu muita publicidade e polêmica na época, passou o sample como ideia para Lopez e Cory Rooney trabalharem em uma nova música. A dupla adorou o som e começou a escrever uma música sobre o trecho de Firecracker. Não demorou para que I’m Real estivesse pronta e aparecesse na tracklist de novo disco de Jennifer, J.Lo, e fosse apontado como um futuro single em potencial. Mariah ficou irritada com a situação tanto por ter encomendado o sample antes quanto por saber que Glitter só sairia um semestre depois de J.Lo.

Não havendo escolha, o uso do sample em Loverboy foi cancelado de última hora, mesmo com um trecho da versão original da música sendo tocada no trailer televisionado do filme. Carey deixou a Sony Music e assinou contrato com a Virgin Records em 2001 e levou todo o projeto Glitter consigo.

O maior problema agora era encontrar um novo sample que se encaixasse com a melodia e a letra compostas para Loverboy. Várias outras ideias surgiram, mas nenhuma soava tão bem quanto Firecracker. Ainda assim, decidiram trocá-la por Candy, hit do grupo R&B Cameo. A substituição teve efeito negativo sobre a música. Muitos críticos notaram que as partes da faixa pareciam não se comunicar. Revistas, rádios e até fãs de Mariah estavam insatisfeitos com o que ouviram.

Para piorar tudo, I’m Real foi promovida como single ao mesmo tempo e foi um dos maiores hits da carreira de Jennifer, enquanto Loverboy mal era tocada nas rádios. O single de Carey não encontrou os charts até ter o preço do single reduzido para 0,49 centavos. Só assim explodiu em vendas e conseguiu o #2 no Hot 100, porém despencou nas semanas seguintes. O remix de Loverboy conta com um verso de Da Brat que parece ser direcionado a Lopez: “Me odeie mais do que eu quero que você me odeie / Você não pode fazer o que eu faço / Vadias tentam rivalizar comigo diariamente / Você não pode ser quem sou / Vadias tem tentado me imitar ultimamente”.


2001: IF WE VS. I’M REAL (MURDER REMIX)

De acordo com Irv Gotti, parte do Murder Inc., as atitudes de Mottola foram puramente maliciosas. O produtor ainda lembra que recebeu um telefonema do empresário dando instruções para que ele criasse uma canção parecida com outra faixa de Glitter, If We com Ja Rule e Nate Dogg, para Jennifer Lopez. Pareceu piada quando no topo desse embate público, I’m Real ganhou um remix com Ja Rule que soava muito similar a If We. Àquela altura, as faixas produzidas por Irv Gotti começavam a ganhar notoriedade nos charts através de artistas de Hip-Hop.


Mariah tinha interesse em trazer Ja Rule ao mainstream e havia arquitetado um lançamento futuro para If We. I’m Real (Murda Remix) é, até hoje, mais famosa que a versão original e causou ressentimento na equipe de Mariah, que acreditava que o sucesso do remix seria o sucesso de If We, que acabou sendo descartada como single.



No ano seguinte, em entrevista televisionada a uma rádio alemã, Mariah foi perguntada o que achava de Beyoncé, respondeu: “Adoro Beyoncé. Beyoncé é fabulosa. Uma ótima compositora, uma ótima cantora e uma pessoa doce também”. As coisas mudaram quando o repórter perguntou o que ela achava de Jennifer Lopez, “Eu não a conheço”, disse balançando a cabeça.



Em 2008, Mariah demitiu o empresário Benny Medina para cuidar de sua carreira sozinha. Um ano depois, Medina se juntou a Jennifer Lopez e a auxiliou durante o sucesso de On The Floor e, mais à frente, Dance Again.


2012/2013: AMERICAN IDOL 

Em 2012, com a saída simultânea de Steven Tyler e Jennifer Lopez como jurados, a produção do American Idol chocou ao revelar Mariah Carey como substituta no painel. Mariah recebeu 18 milhões por esse contrato e se tornou a jurada de reality mais bem paga da história dos realities de música, 4 milhões a mais que J.Lo. Em compensação, rumores supostamente apontavam que a produção do programa tiraria Mariah do painel na reta final do programa para trazer Jennifer de volta, já que ela foi mais popular nas temporadas em que participou. A adição de Mariah não ajudou a recuperar a audiência do show, que esse ano foi superada pelo The Voice. Os executivos do programa responderam dizendo que esse era mais um rumor ridículo relacionado ao Idol.



No meio de toda essa rede de intrigas, é interessante notar que as duas cantoras nunca fizeram sucesso ao mesmo tempo. Enquanto a carreira de Mariah ia por água abaixo entre 2001 e 2004, Jennifer estava no seu ápice. Já quando The Emancipation Of Mimi foi lançado em 2005 e tornou-se um dos maiores retornos comerciais da história, Lopez enfrentava o fracasso de dois discos consecutivos (Rebirth e, mais tarde, Brave). Quando retomou sua popularidade em 2010 com On The Floor, Carey cancelava o relançamento de Memoirs Of An Imperfect Angel por pouco interesse do público.

E é claro que o público ama essas rixas e na internet nada é perdoado ou esquecido.

I Don't Know Her, uma produção original da Lifetime em breve na TV!


Na época, talvez Mariah tivesse razões para ter feito a declaração em tom de deboche, mas hoje, tanto tempo depois, a frase virou praticamente um bordão nas redes sociais e fóruns, com direito a, como foi dito antes, brincadeiras vindas da própria Mariah, que sabe da repercussão de sua declaração e não perde a oportunidade de fazer o que sabe melhor além de cantar: jogar aquele shade esperto pra cima das colegas. 



Este artigo foi escrito com informações coletadas nos fóruns BBR e BCharts, que infelizmente se encontram desativados.

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